Finalmente um post sério: eleições presidenciais

Na proximidade das eleições, senti vontade de escrever algo sério. E como não tenho um blog sério, ou não uso o que eu tinha, resolvi escrever aqui mesmo. Sinto que escrever e deixar os leitores comentarem é um procedimento democrático importantíssimo e, como não passo de um universitário, posso aprender bastante também.

Após deixar o banner do Quengaral com o Plínio e zoar o Serra e o Kassab de todas as formas, resolvi abrir o jogo e revelar a forma de como o Adriano Lira pensa política, enfatizando as eleições presidenciais deste ano. Não sou de escrever coisas sérias aqui e esta é uma rara ocasião. Quero deixar claro que eu não sou o dono da verdade e que provavelmente deixarei furos no meu raciocínio, o que até é bom para as pessoas que não concordarem com o que escrevi dêem o bote.

O amado leitor deste blog totalmente sem noção, principalmente os mais assíduos, percebem que o Kassab e, com as eleições, o José Serra, são alvos de chacota neste site. Se não era óbvio, então agora eu estou falando a real: não concordo praticamente com nenhuma das ações destes caras e, num sentido mais macro, no DEM e no PSDB.

Para mim, o maior objetivo da política é ajudar a sua população, e da maneira mais direta, Parece idiota falar isso, mas pense que esses dois partidos são os mais ligados à iniciativa privada e ao capital financeiro. Sem chorumela comunista (também sobrará para eles…), porém entendo que estar preso a estes setores distorce drasticamente o maior objetivo da política. Os dois partidos pregam o chamado ‘Estado-mínimo’, a mínima intervenção do Estado na vida das pessoas.

Sou contra a corrente do Estado-mínimo por questões simples: primeiro, a iniciativa privada não terá como maior objetivo melhorar a vida das pessoas — a meta em questão é acumular dinheiro e lucrar, o que eu nem condeno, porque todo mundo quer ter uma vida bacana. Outro fator que desconstrói a corrente foi o que aconteceu nos últimos anos, na crise econômica mundial:  vivíamos um panorama de ausência máxima do Estado no mercado financeiro; o Estado não intervinha na economia, ninguém regulava o mercado e o capitalismo corria solto. Resultado: quebrou tudo. Quem salvou a porra toda? O Estado, intervindo e injetando capital em bancos e instituições financeiras. Isto é, sem Estado forte, o capitalismo vai para o saco. Simples assim.

Por não concordar com esta tendência, elimino o Serra do rol de candidatos à Presidência.  Outros fatores que vão contra o Serra. Segundo o Paulo Henrique Amorim (esse é pró-Dilma) e o Noblat (que está no globo.com), não foi ele quem criou os genéricos – veja aqui e aqui. Outra, quem criou o programa contra a AIDS foi o Roberto Santos, nos anos 80. Basta googlear. Pode ter ampliado, mas se NÃO CRIOU, fala direito, porra!

Marina Silva é tida por muitos como a candidata da novidade, que traria algo novo, diferentemente de Serra e Dilma. O PV traz esta tendência para os cargos de deputado, senador e governador. Primeiramente, a principal plataforma do Partido Verde é o desenvolvimento sustentável – isto é, vamos crescer sem destruir a Natureza. Ok. O PV foi inspirado nos PVs da Europa, onde o desenvolvimento já chegou há tempos. A função deles é frear a destruição da natureza. E em um país que não atingiu o desenvolvimento?

Este é o problema. Explique para os mais pobres que é mais importante preservar a Natureza para o futuro do que matar a sua fome hoje. Eis aí um ponto fraco. A Marina Silva tem a maior taxa de rejeição entre todos os candidatos, mesmo sendo muito mais carismática do que o José Serra. Por que, se o discurso dela é tão bonito? Simples, se torna vazio de conteúdo para um país que ainda está saindo da miséria. A candidata do PV tem o mesmo tempo de propaganda do que todos os candidatos ‘nanicos’. Em seu programa, é o festival de bom-mocismo, sem propostas. Mesmo tendo pouquíssimo tempo, Plínio, os comunistas todos e até o Levy Fidelix mostram propostas. E ela? Tempo não é tanta desculpa.

A Marina cresce sempre entre os mais ricos e com maior escolaridade. Por quê? Simples, estas classes já têm um desenvolvimento maior e têm mais cuidado com o meio ambiente. E por que a Marina não saiu do PT na época do mensalão. Fez que não era com ela e só saiu agora, para ser presidente. Assim como o Fábio Feldmann, candidato a governador por São Paulo, ex-tucano. O PV é fisiológico que nem o PMDB – tem tucano, petista e o escambau -, mas com o revestimento de tinta verde.

E os comunistas? De longe, os mais ridículos da eleição! Sou nascido pós-guerra fria, estou no meio do vazio ideológico em que vivemos. Sou da simples opinião de que você só muda drasticamente uma situação com violência. Como eu e a maioria do povo não queremos derramamento de sangue, a alternativa é mudar gradativamente a situação, infelizmente  sendo condescendentes com os grandes capitalistas – mas não tanto quanto os políticos do PSDB e do DEM. Num belo dia, me surge o Rui Costa Pimenta, do PCO, prometendo um salário mínimo de R$ 2500,00. QUEM ACREDITA NISSO? Imagino que ninguém. Por isso o PCO tem menos de 3000 filiados, número inferior ao número de filiados do Clube Atlético Ypiranga, provinciana equipe poliesportiva do meu bairro. O que se salva é o Plínio, que não promete comunismo, e sim socialismo – para quem não sabe a diferença, clique aqui -, revolucionando o Brasil, coisa que os capitalistas não deixariam acontecer. Entendo o Plínio como o candidato nanico melhor preparado e até cogito a hipótese de votar nele.

E a Dilma, que provavelmente leva a eleição já no primeiro turno?

Uma coisa é fato: só se vota na Dilma por causa do governo Lula, na minha opinião o melhor presidente da História do Brasil. Foi o cara que mais trabalhou para tirar o país da miséria. Lembram do que eu entendo como o maior objetivo da política? Então… ele realmente melhorou a vida de muita gente.

Há muitos pontos negativos na administração do Sr. Luiz Inácio: primeiro, a educação no Brasil, que não melhorou como deveria melhorar: a qualidade da educação básica do país é a mesma há oito anos. Medidas paliativas como o ProUni foram criadas, mas em vez de pagar a mensalidade de um aluno bolsista, o governo poderia criar DUAS vagas em universidades federais. Isto é, em vez de 700 000 pessoas estudando de graça, teríamos 1,4 milhão. O SUS continua a mesma bosta, com gente morrendo em bancos, porque falta até maca.

E o mensalão? E o Lula sendo apoiado por imbecis como Sarney e Collor? Pois é…

Mas, repito. O governo Lula conseguiu muitos méritos. O ProUni colocou 700 000 pessoas pobres no ensino superior. Poderiam ser  1,4 milhão, eu sei. Mas o FHC pôs quantos? Políticos-sanguessugas como Sarney e Collor apoiariam qualquer um. Se o Serra ganhasse, daqui três meses os dois estariam na base aliada do PSDB. E o Serra não recusaria. Ninguém é santo na política, nem o PV bonitinho da Marina.

E o bolsa-família? Muita gente chama de ‘bolsa-vagabundagem’ e ‘bolsa-miséria’. Pois é, sou um grande apoiador do projeto, que o próprio Serra promete ampliar. O bolsa-família gasta uma parcela ridícula do PIB brasileiro e garante que 12,5 milhões de famílias pobres possam sair da miséria e aumentar o consumo, fazendo o Brasil crescer um pouquinho mais. É óbvio que sem emprego e educação o programa perde força. Mas amigo, vai em qualquer cidade do sertão onde não nasce nem planta – você acha que vai ter emprego lá? Em oito anos, uma pequena parte de 500 anos de desigualdade social foi diminuída e isso já é um avanço. Falta educação e trabalho? ORRA! Mas você sabia qual Estado brasileiro tem a maior taxa de crescimento? PERNAMBUCO! Isto é, além do bolsa-miséria, um pouco mais de trabalho e educação.

Aliás, o êxodo diminuiu. Menos nordestinos vêm para o Sudeste. Melhores ventos passam a soprar por lá. Viu, sulista xenófobo do caralho? Nem pode falar nada!

O problema é a Dilma mesmo. A Dilma não é o Lula. Este é o único motivo que ainda me faz pensar em votar no Plínio, mesmo encarando todas as coisas que ele fala como utopias – bem intencionadas, mas nada mais que utopias. Me encontro neste dilema: votar na Dilma, mesmo sabendo que ela não é o Lula, mas confiando em um pouco mais de melhora, ou no Plínio, que é um cara com propostas que eu gosto, porém impossíveis de serem aplicadas.

Porém, como um pássaro na mão vale mais do que dois voando, estou mais inclinado para um dos dois.

7 Comentários

  1. acho que desde que eu te conheço vc nunca, nunca e nunca escreveu nada sério…hahahaha
    mas também nem é preciso ne?
    todo mundo sabe do seu potencial, pelo menos quem te conhece, e convive com você toda santa noite, aff…
    mandou bem como sempre….=]
    s2

  2. Olá Adriano…
    E em anular o voto, ja pensou?
    Abs!

    • Cara, se realmente houvesse a possibilidade do voto anulado gerar uma eleição com candidatos diferentes, eu votaria. Nesta eleição, não votarei em branco.

      Uma possibilidade que deveria ser discutida é a de se defender o voto nulo ou branco em horário eleitoral, assim como um partido político tem o seu espaço.

      Abraços!

  3. Caro amigo ! Como tem passado, dei uma passada por aqui e quis ler sua matéria sobre eleições. Sensacional, muito bom mesmo. Não negarei que tenho um sério lado Tucano, mas em minha primeira eleição, darei um voto praticamente pra cada partido.Não por ser legal, mas assim por apoiar propostas do cara e não apoiar o partido dele. Enfim, só ressalto a qualidade dos seus textos e mais uma vez tenho orgulho em dizer que tenho o prazer de conversar com alguém tão interessante !
    Abraços !

    • Já que você tem um sério lado tucano e gostou do meu texto, fico satisfeito com o resultado. Precisamos sentar, tomar uma cerveja e conversar sobre esse e outros pontos da vida. Abraços!

  4. ……….melhorou??? Tu quer dizer, apenas deixou a maré levar, não é mesmo? Melhorar por melhorar a China melhorou tb, e não é por isso que quero um ditador me governando.
    Educação, BÁSICA, que é o que vai fazer o país crescer nada………

    Mas…. cada um com suas convicções.

    • Cara, se o FHC REALMENTE tivesse melhorado a condição do povo, ele tinha conseguido eleger o Serra em 2002 assim como o Lula elegeu uma desconhecida.

      E não tem ditador nenhum nessa história.

      Sem mais…


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